22 agosto 2016

A minha santa igenuidade

Eu sei que as gaivotas defecam. Quer dizer, é óbvio que se existem logo comem logo defecam. Mas na minha santa ingenuidade sempre pensei que elas o faziam em privado, longe das vistas, cheias de cuidado para não atingirem ninguém, as púdicas. Isto porque nunca conheci ninguém que tivesse levado com uma cagadela em voo. Já ouvi sobre cagadas de pombo e de pardal, mas nunca de gaivota.

Olá, o meu nome é Ana e hoje levei com um cocó de gaivota em cima. Doeu. Sujou-me o fato-de-banho e a toalha. Estou ferida na minha dignidade.

E aqui entre nós, que raio é que aquelas bichas comem? Alcatrão? É que juro-vos que o que me atingiu era negro, peganhento e duvido que saia na lavagem.

15 agosto 2016

Crónicas da ruralidade #2

1. Ontem à noite, mesmo antes de deitar, reparei numa osga grande e gorda confortavelmente instalada no tecto da sala. Ainda ponderei deixá-la lá ficar (estes bichos não me fazem confusão), mas a gata reparou nela ao mesmo tempo que eu e começou a estalar os bigodes. Ia ser uma noite de alvoroço, com direito a miados agudos e probabilidade de móveis no chão, portanto armei-me de uma vassoura e esperei pacientemente que a bicha (a osga, não a gata) se agarrasse às varas para a soltar nos arbustos mais próximos.

2. Por falar em osga, durante mais de 1 ano acalentei estima por uma osga habitante da minha lareira (que não é usada. Nem limpa). Até lhe dei um nome: Elvira, e gostava de a ver passear alegremente com aquelas patinhas pegajosas esborrachadas no vidro. Depois estacionou num canto e nunca mais se mexeu. Pensei que hibernava. Há pouco tempo abri a lareira para limpar e percebi que a Elvira virara cadáver. Afeiçoei-me a uma osga morta, portanto.

3. Decidi de repente ir apanhar amoras (já estão grandes e pretas; não as apanhar é um crime), mas não me apeteceu mudar de roupa, então lá fui de calções, top e chinelos. Não é preciso dizer quão esgatanhada estou. E faço alergia ao silvado.

4. Acabei de encontrar a gata com a cabeça enfiada no balde das amoras. Não sabia que os felinos gostavam de frutos vermelhos, mas o batôn roxo ficou-lhe uma graça.

14 agosto 2016

Crónicas da ruralidade #1

(Post de dia 3 de Julho no meu Facebook. Bom demais para não ser publicado no blog)

Notícias da Nenhurolândia onde me encontro a morar actualmente:

1- o gato do vizinho (e refiro-me ao animal de 4 patas, não ao vizinho em si, que infelizmente é velho e surdo) vem ao meu quintal todos os dias com um pássaro morto na boca, ficando horas a mastigar as penas e a lavar-se de todo o sangue.
2- finalmente atinei com a arte da poda e este ano tenho hortênsias. Afinal o problema estava em mim e não nelas.
3- comprei um manjerico pelos Santos e ainda não morreu. Parece até que está a começar a florir. Isso ou está com bolinhas de bolor.
4- tenho lesmas mutantes, mais grossas que polegares, que fazem arte abstracta nos meus muros. Pena só ser visível com luzes UV.
5- acordo todas as manhãs às 5.50h com um filho da mãe de um pardal a esgoelar-se todo na minha janela. Alguém precisa de aulas de canto!
6- sou tão menina da cidade que a quietude do campo me desespera a ponto de escrever coisas destas.

03 agosto 2016

23 julho 2016

Meu mundo em cores #1

Já vos contei que faço colecção de cores?





15 julho 2016

Dois gatos e meio


Além dos gatos da casa agora tenho mais este pestinha. É o gato do vizinho e acha que sou a humana dele. Já tentei explicar-lhe que não é suposto vir aqui comer, dormir nem fazer cocós, mas o bicho amolece-me com fofura. Tenho meio gato, portanto. Durante o dia é meu; assim que anoitece pega nas patinhas e vai para casa.